domingo, 3 de março de 2013

Woody Allen



     Allan Stewart Königsberg, que adotou o nome artístico Woody Allen, nasceu em New York, Estados Unidos, em 1 de dezembro de 1935. Com pais de origem judaica e avós imigrantes judeus alemães, até os 8 anos foi educado na língua iídiche numa escola hebraica e depois começou a frequentar uma escola do bairro onde residia. Nessa época foi apelidado de "Red" por causa de seus cabelos avermelhados e tornou-se popular entre os amigos pelas habilidades em truques de mágica, baseball e basketball. 

     Aos 15 anos começa a escrever peças e textos de humor sob o pseudônimo Woody Allen. Em 1953 ingressou na universidade para estudar Filosofia e foi expulso após o primeiro semestre. Entre 1955 e 1960 já estava escrevendo para programas televisivos. O envolvimento com cinema começa em 1962 quando fica responsável pelo roteiro do curta-metragem The Laughmaker.

     What's New Pussycat? (1965), do diretor Clive Donner, foi o primeiro longa com roteiro e atuação de Woody. Em 1967 ele fez uma participação como ator em Cassino Royale, e dois anos depois estreou como diretor com o filme Take the Money and Run. A partir daí, temos filmes praticamente anuais com Allen.

     Annie Hall (1977) foi seu primeiro filme a receber premiações: 4 Oscars, sendo três para Woody por Melhor Filme, Roteiro e Direção e um para Diane Keaton de Melhor Atriz. Surge assim uma série de dramas introspectivos e com diálogos afiados. Allen e Keaton filmaram diversas produções em parceria, além de terem tido um relacionamento.

     A base de sua formação como cineasta está no cinema americano da década de 40. Play It Again, Sam é referência à Casablanca, por exemplo. Os anos 80 são marcados por grandes sucessos, trabalhos inspirados no diretor Ingmar Bergman e sua parceria com Mia Farrow, com quem ele se casa pela terceira vez. Em 1997, separam-se e ele assume um relacionamento com a filha adotiva de Mia, Soon Yi, com quem está até hoje.

     Em 1990, Woody uniu-se a Martin Scorsese e Stanley Kubrick e fundaram a Film Foundation, organização dedicada à preservação da memória do cinema americano.

     É conhecido por lançar atrizes e por quase sempre interpretar judeus novaiorquinos, neuróticos e fracassados em filmes otimistas ou não e que geralmente repetem temas, mesmo que sem soar repetitivo.

     Woody Allen nunca comparecia às cerimônias de premiação às quais concorria até o Oscar de 2002, ano seguinte ao Onze de Setembro, onde prestou uma homenagem à cidade de New York, que além de ser sua cidade natal é cenário de boa parte de seus filmes. 

     2005 é marcado pelo começo de sua parceria com Scarllet Johansson e sua volta ao gênero dramático com o filme Match Point

     Ainda em atividade, este profissional multifacetado é comediante, cineasta, roteirista, escritor, ator e músico clarinetista na banda New Orleans Jazz Band. Ligado principalmente ao Jazz, por vezes cuida da trilha sonora de seus filmes.

Filmografia:


  • What's New, Pussycat?, 1965 
  • What's Up Tiger Lily?, 1966 
  • Casino Royale, 1967 
  • Don't Drink the Water, 1969 
  • Take the Money and Run, 1969 
  • Bananas, 1971 
  • Play it Again, Sam, 1972 
  • Everything You Always Wanted to Know About Sex, 1972 
  • Sleeper, 1973 
  • Love and Death, 1975 
  • The Front, 1976 
  • Annie Hall, 1977 
  • Interiors, 1978 
  • Manhattan, 1979 
  • Stardust Memories,  1980 
  • A Midsummer Night's Sex Comedy, 1982 
  • Zelig, 1983 
  • Broadway Danny Rose,  1984 
  • The Purple Rose of Cairo, 1985 
  • Hannah and Her Sisters, 1986 
  • King Lear, 1987 
  • Radio Days, 1987 
  • September, 1987 
  • Another Woman, 1988 
  • New York Stories (ep. "Oedipus wreck"), 1989 
  • Crimes and Misdemeanors, 1989 
  • Alice, 1990 
  • Scenes from a Mall, 1991 
  • Shadows and Fog, 1992 
  • Husbands and Wives, 1992 
  • Manhattan Murder Mystery, 1993 
  • Bullets over Broadway, 1994 
  • Mighty Aphrodite, 1995 
  • Everyone Says I Love You, 1996 
  • Deconstructing Harry, 1997 
  • Celebrity, 1998 
  • Sweet and Lowdown, 1999 
  • Small Time Crooks, 2000 
  • The Curse of Jade Scorpion, 2001 
  • Hollywood Ending, 2002 
  • Anything Else, 2003 
  • Melinda and Melinda, 2004 
  • Match Point, 2005 
  • Scoop, 2006 
  • Cassandra's Dream, 2007 
  • Vicky Cristina Barcelona, 2008 
  • Whatever Works, 2009 
  • You Will Meet a Tall Dark Stranger, 2010 
  • Midnight in Paris, 2011 
  • To Rome with Love, 2012

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O Dorminhoco



     Sleeper é um filme estadunidense de 1973 com direção, roteiro e trilha sonora por Woody Allen, que também o estrela. É uma comédia pastelão de ficção científica que retrata um futuro satírico, distópico bem aos moldes de 1984, George Orwell, com direito a um líder opressor, cidadãos controlados e tecnologia avançada.

     Miles Monroe (Woody Allen) é dono de restaurante natural e um clarinetista de jazz no ano de 1973 que após uma crise de úlcera é congelado por 200 anos. Um grupo de médicos rebeldes o despertam em 2173 e depositam nele a confiança de se juntar aos Rebeldes para derrubar o governo vigente. A partir de então ele começa a ser o grande inimigo público.

     Sendo perseguido e estando totalmente alheio à modernização ocorrida nesses dois séculos, Miles se envolve em várias confusões que trazem a comicidade ao filme. Numa de suas fugas, finge ser um robô mordomo e conhece Luna Schlosser (Diane Keaton), uma poeta burguesa representante da alienação dos movimentos culturais elitistas manipulados pelo poder que dará continuidade ao plano quando ele fica impossibilitado de continuar na missão.

     Dentre todas as confusões cômicas, os mais atentos podem perceber a quantidade de críticas à sociedade contemporânea (década de 70, quando o filme foi produzido, mas também à nossa do século XXI), cutucadas tanto no capitalismo quanto no socialismo, um refino intelectual nos questionamentos e opiniões propostos por Allen e a tentativa de desconstrução das "normas" que política, religião, mídia, movimentos culturais impõem.  

     A viabilidade científica das ideias que Woody Allen desenvolveu neste filme foi confirmada em um único almoço entre  ele e Isaac Asimov, um bioquímico e escritor famoso por obras de ficção científica dentre elas Eu, robô.

     Sleeper é um filme bem interessante para refletir sobre a situação atual e futura das sociedades além de ser considerado um "marco" na carreira de Allen, uma transição entre humor pastelão e roteiros mais sofisticados e intelectuais.

Até mais.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Louis Le Prince: O Pai da Cinematografia

Quem sabe um pouquinho sobre história do cinema com certeza já ouviu falar dos pioneiros Thomas Edison e irmãos Lumière, mas, muito provavelmente, desconhece a existência de Louis Le Prince. O francês, por muitos anos deixado fora dos livros, é hoje creditado como o “Pai da Cinematografia”. Utilizando uma câmera de lente única e uma película de papel, Le Prince filmou as primeiras sequências de imagens em movimento em 1888, três anos antes de Auguste e Louis Lumière realizarem seu primeiro filme. Mas Le Prince sumiu antes de conseguir apresentar publicamente seu trabalho: em 1890, o pioneiro do cinema embarcou em um trem na cidade de Dijon, na França, rumo à Paris, e nunca mais foi visto. The End.
Fonte

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual


     Medianeras é um filme argentino de 2011, dirigido por Gustavo Taretto, classificado nos gêneros romance e drama. Ganhou os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Filme Estrangeiro no Festival de Gramado de 2011.

     Retrata a história de Martín (Javier Drolas), web designer, fóbico, depressivo em tratamento e adaptação ao mundo, de Mariana (Pilar López de Ayala), formada arquiteta, porém trabalha como vitrinista, também tem fobia e recentemente terminou um relacionamento de longa data, e de Buenos Aires onde ambos vivem.

     Martín e Mariana se conhecem pela internet sem saber que são vizinhos. Seus monoambientes (algo similar às nossas quitinetes) são frente-a-frente, porém não há janelas já que ficam localizados nas paredes medianeras entre os prédios e onde na Argentina é proibido por lei fazê-las. A fim de ganhar um pouco mais de luz, os moradores costumam abrir janelas pequenas, caóticas nessas paredes e é exatamente isso que ambos os personagens fazem.

     É um filme que usa de algumas metáforas. Por exemplo, a arquitetura é tida como uma vilã que isola as pessoas e diminui a comunicação física entre elas. A medianeira sufoca os moradores que abrem janelinhas ilegalmente como uma busca pela "luz no fim do túnel", uma salvação para esse sentimento de aprisionamento que vem causando vários problemas psíquicos.

     O foco são as relações no século XXI que se tornam fisicamente distantes com a virtualização das mesmas e o sentimento de solidão urbana a qual já estamos acostumados das grandes cidades, como Nelson Rodrigues bem definiu, "a companhia de um paulista é a pior forma de solidão", é o isolamento, é a solidão por estarmos rodeados por desconhecidos.

     Creio que em muitos momentos podemos nos identificar com as situações e pensamentos dos personagens, pois tudo aquilo é realidade, é palpável. Apesar de todos os problemas, nossos personagens têm o mais imprescindível: a esperança! Um drama que vale muito a pena ser assistido e refletido. 

     E deixo-lhes uma dica: assistam inclusive aos créditos que são intercalados com um videoclipe divertido que só não estará anexado à essa postagem por conter spoilers. Assistam!

Até mais.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A Música Nunca Parou



     The Music Never Stopped é um drama estadunidense de 2011 dirigido e produzido por Jim Kohlberg. Com roteiro de Gwyn Lurie, Gary Marks e trilha sonora por Paul Cantelon.

     É um filme baseado numa história real sendo o personagem Gabriel inspirado em Greg F. (ligeiramente mencionado numa cena), paciente do neurologista Oliver Sacks, autor do famoso "Awakenings" que virou filme com atuação de Robin Williams e Robert De Niro em 1990. Trata da Musicoterapia de uma forma linda, emocionante e, creio eu, saber que isso é real comove e nos envolve ainda mais na trama.

     Se passa em 1986, contando a história de Gabriel (Lou Taylor Pucci), um homem que, devido a um tumor cerebral, tem sua cognição danificada causando problemas de memória. Sua vida foi envolta por música desde a infância. Na adolescência, final dos anos 60, a relação entre Gabriel e Henry Sawyer (J.K. Simmons), seu pai, desestabiliza-se agora que o jovem passa a se interessar por outros estilos musicais e sua banda.


     Greatful Dead, Dylan, Beatles, Stones, Cream são alguns dos ídolos do jovem que "parou no tempo" e são também a solução ainda que provisória para o drama vivido por essa família.

     Com os acontecimentos, Helen Sawyer (Cara Seymour) e o marido tentam se reaproximar do filho e é aí que Henry descobre a Musicoterapia como alternativa de tratamento. Ele recorre Dianne Daley (Julia Ormond), uma musicoterapeuta que se dispõe a tentar o tratamento com Gabriel. 

     Uma história de puro amor nos envolve por completo. O pai que quer se reconciliar com o filho e se dispõe a superar seus próprios preconceitos, a mãe que percebe seu erro, a terapeuta que se envolve emocionalmente com o caso e o jovem que apesar das condições nas quais se encontra ainda é aberto aos antigos e novos amores são capazes de nos fazer refletir e de nos emocionar profundamente.

     Um filme lindo e infelizmente não muito conhecido que realmente vale a pena ser assistido (até mais de uma vez) e com uma trilha muito boa, basta ver as bandas já citadas. 

Até mais.